19 de jan. de 2010 Lendas ganham fama

Forte carga de suspense e elementos sobrenaturais são itens que não podem faltar em uma lenda, seja ela urbana ou não. De acordo com a escritora Heloisa Prieto, autora de livros sobre lendas e pesquisadora do processo de criação literária, a narrativa mágica seria uma forma de falar das emoções ancestrais, os temores universais, como da morte, por exemplo. “Histórias assim são uma maneira de nos lembrar que a vida é finita. Diante do tempo cronológico, da fragilidade do corpo humano, do acaso, todos somos iguais, portanto, trata-se de lembretes bem democráticos”, afirma a escritora.Uma das mais tradicionais lendas urbanas é a da “loira do banheiro”, fortemente difundida entre alunos da rede pública de ensino há muitos anos. Diz a história que uma garota muito bonita de cabelos loiros com aproximadamente 15 anos, sempre planejava maneiras de “matar” aula. Uma delas era ficar no banheiro da escola esperando o tempo passar. Um dia, um terrível acidente aconteceu. A loira escorregou no piso molhado do banheiro e bateu a cabeça no chão. Ficou em coma e pouco tempo depois morreu. A menina não se conformou com seu fim trágico e passou a assombrar os banheiros das escolas. Muitos alunos juram ter visto a famosa loira do banheiro, pálida e com algodão no nariz para evitar que o sangue escorra. “A história da loira do banheiro é verdade. Fui com meus amigos no banheiro da escola, demos descarga algumas vezes, falamos palavrões e ela apareceu no espelho. Eu vi! A menina é loira mesmo”, afirma o estudante Antonio Saturnino Junior, 16 anos.Heloisa afirma que é fácil reconhecer uma lenda urbana, pois há elementos essenciais que fazem parte de todas elas. “São narrativas apócrifas, que tangenciam o sobrenatural como as lendas antigas, situando a trama em contexto real e contemporâneo. Elementos como hospitais, remédios, táxis e aviões fazem parte dessa nova combinatória dos antigos causos”, diz a escritora. Em Rio Preto, outras lendas povoaram o imaginário das pessoas e de tanto serem repetidas se tornaram verdades para aqueles que as contavam. Uma delas é a história de uma criança que teria sido picada por uma cobra dentro da piscina de bolinha de uma lanchonete. Assim como a história da garota infectada pela bactéria do cadáver, ninguém nunca soube o nome da criança. A história correu o País e, em algumas cidades, o acidente aconteceu em outros restaurantes. Durante a construção de um hipermercado, em Rio Preto, surgiu a história de que uma caveira foi filmada pelas câmeras de segurança do local empurrando um carrinho de compras. A história foi contata em todos os bairros da cidade, mas as imagens nunca existiram. Noiva do CubatãoHistória sinistra também é contada pelos lados de Ibirá e Urupês. Dizem que ali, próximo à divisa dos municípios, num trecho bucólico cortado pelo córrego Cubatão, uma noiva trajada a rigor sai em noite de lua cheia para assombrar motoristas. Seu alvo são homens que, de alguma forma, fazem lembrá-la do noivo que a teria abandonado no altar. A versão de que ela teria sido abandonada no altar não é única. Alguns dizem que a mulher teria se afogado nas águas do córrego durante a festa de casamento, às margens do Cubatão. O motivo, não se sabe. Fato é que, vez ou outra, o carro de algum motorista seria ‘visitado’ por ela enquanto trafega por aquelas bandas.

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